1 de junho de 2010

De um canto,
Sai um canto,
Envolto num manto,
Feito de espanto.

Naqule canto,
Há um santo,
Preto-veio,
Brahma,
Em seu-recanto.

Entoando hinos tantos,
Alevantando o mundo,
Nas abas do xacrimentanto!

OOOOooooOOOOooooOOOoH!
Uhmm!

15 de março de 2010

A flor





A flor caiu da roseira,

Tocando o chão com suas pétalas,


O beijo que deu à terra,

Tão calido e doce.


A terra sentiu-se beijada,

E quis para si a filha

da roseira.

10 de março de 2010

Há uma ponte

Canbiando de lar,
vir minha alma se mandar...
Pra longe do meu corpo,
para outro lugar...

24 de novembro de 2009

O RISO


Havia um riso.
Um riso,
Um riso fino.
Riso largo, belo,
Riso lindo.

Havia um riso,
Havia um riso de chuva,
Riso de sol,
Havia um riso. Só um riso.

Havia...
E agora aonde estará sendo o riso?

30 de setembro de 2009

Chuuuuuuuuuuu!!! Chuááááá´!

Escorre o líquido,
Pelas ladeiras, calçadas,
Linda, bela e fina.

Era ela tão leve e tão fria.
Tão morna e cheia de fantasia.

20 de agosto de 2009



O que se vai!

Como voa o passarinho.
Grande é a beleza de seu biquinho.
Seus olhos de fogo
Alumiam. Encendeiam.
Dando vida ao seu cantar.

Passarinho. Tiá-porang!
Adonde vai?
Com seu traquejar,
Pelo baixão afora?
Não queres no muntura
Da casa minha ficar?

Fica meu passarinho.
Quero te ver cantar.
Mas foi envão, o pedido do Kunumï.
Que viu o passáro se sacudir e Voar.
Voar. Voar. Voar!

17 de agosto de 2009

Fiar

Vai abá caminhando pela mata,
ouve uma saudação,
juriti voz poderosa, rouca, cavernosa,
lenta é sua ode, mas contagia a povoação.

O baixão, a serra, o morro, o sertão,
conhece a voz da juriti, que canta
e todos a conhece, basta ser dali.
Dali da terra, bem pertinho de te.

E o homem que caminha é dali.
Seu olho penetra a mata,
Como flecha certeira que corta
A verticalidade da física em movimento retilíneo.
Acertando a presa, rápida.
Que cai. Num instante repentino.

O homem se aproxega da pindoubeira
Que ergue majestosa sua copeira,
Dando abrigo ao sanhaço,
Bacurau e a lavadeira.

Ergue seu membro superior,
E puxa como a garra felina a caça,
Tira o homem uma palha,
Um galho, outro galho e outro.
Vários galhos e leva parra casa.

No oitão da casa,
Os filhos o arrodeiam,
Vê-o tirar fibra por fibra,
E da cabeça do pai não consegue imaginar.
O abá quer monhagá.

O que o chefe quer,
Com tanta palha?
O que fará?
Olhando sempre,
Sem um olho piscar.
Kunumï ver o mestre fazer,
Para depois imitar.

Uma mão vai por cima,
A oura levemente cruza a diagonal
Da imagem espalmada na terra
E chega a um ponto final.

E cruza daqui
E cruza de lá.
Sem matutar
Constrói um belo,
E sempre único,
Grande e de utilidade,
Um Caçuá.

Terminada a obra,
Se alevanta e vai buscar.
Mandioca na roça,
Para esposa cozinhar.

As crianças ficam com a sobra,
Outros cestinhos vão criar.
Que imitaram o pai,
Esse que viva para enchegar.

E assim, se aprende,
Nas terras de Mirandelá.
Criança faz trabalho de criança,
Pra quando adulto saber se virar.